Várias explosões foram ouvidas na cidade portuária de Mariupol, no leste da Ucrânia, na quinta-feira, pouco depois de Vladimir Putin anunciar uma operação militar contra a Ucrânia.
Este porto é a maior cidade ucraniana da linha de frente, com meio milhão de habitantes.
Foram ainda ouvidas explosões na capital do país, Kiev, avança a agência France Presse.
O aeroporto de Kiev está a cancelar voos, anunciou a agência Interfax.
Ponto de situação
O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou na quinta-feira uma operação militar na Ucrânia para defender os separatistas no leste do país.
"Tomei a decisão de uma operação militar especial", afirmou Putin numa declaração-surpresa na televisão ao início da manhã (na Rússia), sem especificar se essa intervenção seria limitada ao leste da Ucrânia ou se seria mais ampla.
Durante o dia de quarta-feira, o Kremlin anunciou que os líderes das autoproclamadas "repúblicas" separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia pediram a "ajuda" de Vladimir Putin para "repelir a agressão ucraniana".
O presidente dos EUA, Joe Biden, denunciou imediatamente um "ataque injustificado" que causará "sofrimento e perda de vidas humanas". "O mundo vai responsabilizar a Rússia", prometeu.
O Presidente dos EUA acrescentou que irá anunciar quinta-feira novas consequências a serem impostas à Rússia pelos Estados Unidos e os seus aliados.
Na segunda-feira, o presidente russo reconheceu a independência dessas "repúblicas" separatistas de Donetsk e Lugansk, obtendo no dia seguinte da câmara alta do Parlamento russo a luz verde para o envio de forças.
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O que preparou o cenário para o conflito?
A Ucrânia era uma pedra angular da União Soviética até que votou esmagadoramente pela independência em 1991, um marco que acabou sendo uma sentença de morte para a superpotência em queda.
Após o colapso da União Soviética, a Otan avançou para o leste, trazendo para o rebanho a maioria das nações do Leste Europeu que estavam na órbita comunista. Em 2004, a Otan adicionou as ex-repúblicas soviéticas no Mar Báltico Estônia, Letônia e Lituânia. Quatro anos depois, declarou sua intenção de oferecer a adesão à Ucrânia algum dia em um futuro distante – cruzando uma linha vermelha para a Rússia.
Putin indicou que vê a expansão da Otan como uma ameaça existencial, e a perspectiva de a Ucrânia se juntar à aliança militar ocidental um “ato hostil”. Em entrevistas e discursos, ele enfatizou sua visão de que a Ucrânia faz parte da Rússia, cultural, linguística e politicamente. Enquanto parte da população de língua russa no leste da Ucrânia sente o mesmo, uma população de língua ucraniana mais nacionalista no oeste tem historicamente apoiado uma maior integração com a Europa. Em um artigo escrito em julho de 2021, Putin sublinhou sua história compartilhada, descrevendo russos e ucranianos como “um só povo”.
Os ucranianos, que nas últimas três décadas procuraram alinhar-se mais de perto com as instituições ocidentais, como a União Europeia e a Otan, se opuseram a essa ideia. No início de 2014, protestos em massa na capital Kiev, conhecida como Euromaidan, forçaram a saída de um presidente amigo da Rússia depois que ele se recusou a assinar um acordo de associação da União Europeia.
A Rússia respondeu anexando a península ucraniana da Crimeia e fomentando uma rebelião separatista no leste da Ucrânia, que assumiu o controle de parte da região de Donbas. Apesar de um acordo de cessar-fogo em 2015, os dois lados não viram uma paz estável, e a linha de frente mal se moveu desde então. Quase 14 mil pessoas morreram no conflito e há 1,5 milhão de pessoas deslocadas internamente na Ucrânia, segundo o governo ucraniano.
O que você precisa saber sobre o ataque
- Nas primeiras horas da madrugada desta quinta-feira (24), Putin ordenou um ataque no leste da Ucrânia, em regiões que ele reconheceu como independentes; as forças russas invadiram a Ucrânia por terra, ar e mar;
- Explosões foram ouvidas em diversas cidades, inclusive em Kiev;
- Autoridades ucranianas dizem que pelo menos 50 russos foram mortos e seis aviões teriam sido abatidos no leste do país;
- O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, autorizou cidadãos a pegarem armas para defender o país e pediu doação de sangue;
- Longas filas foram registradas nesta manhã em Kiev nas principais rodovias, com moradores tentando deixar o país;
- Países da Europa Central iniciaram os preparativos para receber pessoas que fogem da Ucrânia
- O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que Washington e seus aliados imporiam “sanções severas” sobre o que ele chamou de “guerra premeditada” de Putin
- A China rejeitou chamar os movimentos da Rússia sobre a Ucrânia de “invasão” e pediu a todos os lados que exerçam moderação
- Bélgica pede que União Europeia pare de emitir vistos para russos
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